Paleta Zorn2025
Minha pesquisa atual parte da paleta reduzida de Anders Zorn (preto, branco, vermelho e ocre). Essa escolha nasce do desejo de trabalhar a partir da simplicidade e da economia cromática, criando unidade visual sem abrir mão da riqueza de matizes possíveis. Com apenas quatro pigmentos, consigo alcançar uma ampla gama de tons de pele, nuances terrosas e até verdes e azuis sutis derivados do preto.
O uso dessa paleta direciona a atenção para o gesto, a composição e o conteúdo simbólico das pinturas, retirando o excesso de distrações cromáticas. É um exercício de foco, que me permite intensificar a expressividade e destacar o aspecto ritual da pintura.
Ao mesmo tempo, a adoção da paleta de Zorn estabelece um diálogo com a tradição clássica. Ressignifico esse vocabulário histórico para discutir temas contemporâneos ligados à feminilidade, ao corpo e ao poder.
Paralelamente, coloco essa experiência em contraste com outras paletas e pigmentos (como PR101 ou amarelo cádmio), ampliando a investigação sobre como a cor constrói atmosfera e sentido.
A limitação cromática se transforma em potência criativa: na restrição encontro liberdade, repetição e transformação simbólica. A paleta de Zorn, assim, não é apenas uma técnica, mas um campo de pensamento pictórico — uma poética do limite.