O corpo é sempre o ponto de partida: é nele que inscrevo gestos, memórias e presenças. Ao me pintar, transformo a vulnerabilidade em força e resistência, fazendo do meu corpo um espaço de protesto.
Meu trabalho não existe sem o olhar do outro — confronto e ressonância que tornam visível o diálogo entre presença e alteridade. Nesse processo, ressignifico símbolos religiosos, históricos e culturais, deslocando-os, questionando-os e reaproveitando-os em novos contextos.
Entre dor e potência, aquilo que nasce da violência se converte em matéria poética e pictórica. A cor acompanha essa dinâmica: ora restrita à paleta de Zorn, em busca de foco e economia cromática; ora expandida em pigmentos específicos, criando atmosferas de tensão e densidade.
As pinturas se organizam como altares, onde repito, sobreponho e multiplico imagens e símbolos. O altar, para mim, é mais do que estrutura: é espaço ritual, lugar em que memória, resistência e invenção se encontram.
Luiza Schiavo.2025